Para começar meu texto eu gostaria de explicar o porquê das aspas na palavra custo do título e para isso nós precisamos entender primeiro como a Odontologia funciona.
A Odontologia é um ecossistema, ou seja, vários entes inter-relacionados e se auto beneficiando mutuamente em função de um propósito comum que no caso do nosso setor é o bem estar do nosso paciente, digo nosso porque de fato ele é de todos nós.
Os entes desse ecossistema que possuem maior destaque são os Dentistas, os Laboratórios de Prótese e as Radiologias, mas existem outros que são tão importantes quanto como os Técnicos em Saúde Bucal, as Indústrias, as Dentais, as Consultorias, as Escolas, os Vendedores e os Desenvolvedores de Sistemas.
Cada ente possui livre arbítrio e obedecendo o código de ética e a lei, são livres para trabalhar como preferirem, mas nem sempre a escolha de um ente individual, beneficia toda a cadeia do ecossistema.
Agora entendendo como o ecossistema da Odontologia funciona e pensando como um Dentista que é o primeiro contato desse paciente com toda essa estrutura, no meu ponto de vista como gestor e consultor, a pior forma possível de diminuir custos com meu parceiro Laboratório de Prótese é fazendo um pacote anual ou parcelando o pagamento daquele serviço.
O motivo é muito simples, culturalmente o Laboratório de Prótese financia a prótese do paciente para o Dentista e a maioria nem sabe. Quando o Laboratório opta por esperar o mês finalizar para fazer a cobrança de todos os serviços do Dentista, ele está dando uma carência para aquele cliente, quando ele ainda oferece a opção de parcelamento, ele tem duas opções: cartão de crédito ou boleto. No cartão de crédito para parcelamento existe um juros bem alto para receber o valor completo, no boleto também existe a taxa de adiantamento. Se o Laboratório não adianta essas parcelas, ele cai na área cinza que o @Marcos Kogut ensina como calcular muito bem na Aula #3: Ciclo Econômico, Operacional e Financeiro.
Quando isso acontece, o Laboratório perde a capacidade de investimento e apesar do faturamento aumentar, o lucro diminui. Para compensar isso, geralmente o dono do laboratório que tradicionalmente é o ceramista chefe, trabalha mais e acaba perdendo qualidade de vida. Para resolver esse problema, o dono do Laboratório investe em um sistema CAD/CAM, porque teoricamente ele pode trabalhar dia e noite sem parar, tem previsibilidade e etc. Isso é um investimento que durante alguns meses vai ser um custo fixo bem alto dentro do Laboratório, que se nunca foi digital, agora precisa passar por uma curva de aprendizado que normalmente custa bem caro por causa das repetições.
Agora que esse Laboratório tem um custo fixo novo bem alto, sua margem diminui ainda mais e como ainda não existia a cultura digital na empresa, o CAD/CAM está com bastante tempo ocioso, mas os boletos não param de chegar.
O que percebemos depois de dezenas de Consultorias no Brasil inteiro pela K2go é que o principal gargalo no Laboratório é a falta de conhecimento da rotina laboratorial por parte dos dentistas, depois os dois principais gargalos são a falta de informação e a falta de comunicação, 47% dos trabalhos que entram na triagem, estão faltando informações básicas como nome, sobrenome, cor, componente, implante e na era digital, a marca e modelo do scanbody e esses trabalhos ficam parados na recepção sem essas informações porque nem sempre o contato com o Dentista é possível.
Na minha opinião, os principais aspectos que precisam ser analisados na parceria Dentista/TPD são a qualidade e a pontualidade e a única forma de realizar um trabalho com o máximo de qualidade e dentro do prazo é recebendo todas as informações necessárias para produzir aquele trabalho e mantendo uma comunicação eficaz entre estes dois entes do ecossistema.
Se juntos Dentista e TPD conseguirem diminuir os atrasos, os trabalhos parados na recepção, os contatos com o Dentista para pedir informação e as repetições por falta de comunicação, pode ter certeza absoluta que todos os entes do ecossistema da Odontologia saem ganhando e principalmente o paciente que não vai mais precisar ser remarcado ou vai com toda a expectativa colocar sua prótese e ela não adapta.
Como eu disse, cada um tem o livre arbítrio de trabalhar como acredita ser melhor, mas nem sempre essa decisão beneficia o ecossistema. O Laboratório de Prótese não é um custo, é um investimento.
Bom dia! Excelente texto e colocação Thiago!